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José Maria Neves |
Segundo o antigo chefe do Governo,
numa mensagem inserida, este domingo, 07, na sua conta pessoal do Facebook, o
seu sucessor, Ulisses Correia e Silva, “recusa-se a explicar a sua posição” em
relação à isenção dos vistos, questão que tem dividido a opinião pública
cabo-verdiana.
“O senhor primeiro-ministro
recusa-se a explicar a sua posição, se serão todos os países membros ou apenas
os do espaço Schengen, e, mesmo neste caso, há países que não são da UE -, e da
Inglaterra, que está de saída”, escreve José Maria Neves, a propósito dos
vistos em apreço.
Referindo-se à entrevista que
Ulisses Correia e Silva concedeu ao jornal português Expresso, Neves disse que
os argumentos do primeiro-ministro, nomeadamente a securização das fronteiras
nacionais e documentação, “já estavam em curso, no quadro da Parceria para a
Mobilidade”.
“O projeto SNIAC – Passaporte
Biométrico, Cartão de Identificação do Cidadão, Cartão de Identificação de
Estrangeiros Residentes, Voto Eletrónico -, a criação da Comissão de Proteção
de Dados e dos Serviços de Informações da República estão integrados neste
processo, para além de um conjunto de acordos com Espanha, Portugal, França,
Grã Bretanha…, no domínio da segurança cooperativa”, explicou José Maria Neves,
acrescentando que tudo isto aconteceu “sem isenção unilateral de vistos”.
Lembrou ainda que no âmbito da
Parceria para a Mobilidade, Cabo Verde “já tinha conseguido a facilitação de
vistos para os empresários, escritores, artistas, etc”.
Neves continua a achar “absurda” a
decisão do Governo de Ulisses Correia e Silva de isentar de vistos os cidadãos
da União Europeia.
“As duas questões mais sensíveis no
início dos debates sobre a Parceria Especial eram, e são ainda hoje, a livre
circulação e o acesso ao Fundo de Desenvolvimento Regional (FEDER), conta
o ex-chefe do Governo, que diz lembrar-se das conversas com Durão Barroso, Jean
Claude Juncker e José Luis Zapatero que lhe sugeriram a não se referir à livre
circulação e ao FEDER, “porque suscitaria reações epidérmicas de alguns países
membros (da União Europeia) contra a Parceria”.
Para Neves, o importante era
“colocar o pé na porta” e ir tendo ganhos sucessivos, num processo gradual, com
inteligência, discrição e capacidade de inovar.
Segundo ele, tratando-se de uma
parceria, teria de haver “ganhos mútuos, consensualizados entre as partes” e
daí os encontros de concertação ao “mais alto nível”.
“Juncker era aquele que mais
insistia nessa ideia de relações entre parceiros. E a Parceria Especial veio
colocar as nossas relações num outro patamar, não de subordinação, mas de uma
cooperação baseada na igualdade e reciprocidade de vantagens”, disse José Maria
Neves que foi primeiro-ministro de Cabo Verde durante 15 anos.
Fonte: Inforpress
Fonte: Inforpress
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